Vamos falar de felicidade no trabalho e felicidade de quem trabalha?
Felicidade é um conceito subjetivo que busca do equilíbrio físico, mental e social. Felicidade é um conjunto de vários construtos que podem ser mensurados de forma científica. Felicidade é uma forma de vivenciar a plenitude. Felicidade é florescer.
Muitos filósofos já escreveram e falaram sobre felicidade. De modo resumido, de acordo com Aristóteles a felicidade é o bem da alma através de uma vida virtuosa. Para Buda, a felicidade reside na nossa adaptabilidade em sobreviver a tudo de ruim. Para Freud, é o prazer intenso e a ausência de sofrimento. Para Cortella, é um momento de vibração tão intensa da vida que você se coloca numa compreensão que naquele momento já poderia morrer. Se pararmos para estudar, aprofundar e compreender esses pensamentos sobre a felicidade para essas e outras personalidades, certamente, nunca mais vamos parar de falar. É um assunto inesgotável.
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Mas, agora, vamos lá! Num estudo mais aprofundado sobre a felicidade, podemos encontrar dois conceitos importantes, vou mencioná-los de forma muito simples e reduzido só para vocês tomarem conhecimento.
– A felicidade Hedônica: Busca pelo prazer.
– A felicidade Eudaimônica: Busca pelo sentido.
A felicidade de quem trabalha perpassa por esses dois pontos. As estratégias utilizadas pelas empresas para melhorar a qualidade de vida, aumentar os níveis de satisfação e engajamento no trabalho, e consequentemente evidenciar a felicidade no trabalho, possuem atividades nesses dois níveis.
A felicidade dentro de uma organização vai muito além de cafés da manhã, sala de descompressão e palestras motivacionais. É preciso ter uma cultura bem definida e disseminada. É preciso ter uma liderança positiva alinhada com a alta gestão. É preciso ter um propósito social. Ou seja, não é tão simples assim. Como diz a professora Carla Furtado: “Felicidade no trabalho não é sobre dar máscara para o colaborador respirar em ambiente tóxico.” Falar de felicidade no trabalho é muito mais do que falar sobre aumento da produtividade, é falar sobre sustentabilidade.
Infelicidade no trabalho:
Ué Tayla, você não ia escrever sobre FELICIDADE no Trabalho? Por que escreveu INFELICIDADE? Calma, eu explico…
Em primeiro lugar, se pesquisarmos sobre a história do trabalho, veremos que o trabalho sempre foi algo muito sofrido e obrigatório. Dependíamos do trabalho árduo e desagradável para sobreviver. Em segundo lugar, existem muito, muito mais pessoas infelizes do que felizes no trabalho. E em terceiro lugar, não conseguiremos acabar com as doenças laborais no mundo de uma hora para outra.
Decerto, a infelicidade no trabalho é responsável por várias doenças físicas e muito mais pelos transtornos psíquicos como por exemplo: a ansiedade, a depressão e o burnout. A saúde mental do colaborador é de extrema importância para a saúde da empresa.
Alguns motivos de infelicidade no trabalho:
Existem inúmeras causas de infelicidade no trabalho, vou listar aqui as que mais vejo nos meus atendimentos e nos meus estudos:
– Não ter um bom relacionamento interpessoal na empresa com líderes e colegas;
– Não gostar do que faz;
– Não enxergar propósito e valor no que faz;
– Não ter condições adequadas de trabalho (ferramentas e ambientes);
– Expectativas negativas do futuro;
– Falta de energia e engajamento.
Esses itens elencados acima, aumentam o custo das organizações com turnover, presenteísmo, planos de saúde, afastamentos, processos judiciais por assédio, etc.
ATENÇÃO!
Eu tenho uma ótima notícia para dar para vocês! SIM! É possível ser feliz no trabalho!
Existem várias estratégias para eliminarmos ou mitigarmos esses pontos de interferências para conseguirmos ser felizes no trabalho. Não só para os funcionários, mas também para os empresários. Vários programas de QVT (Qualidade de vida no trabalho) podem ser implantados para aumentar o bem-estar dos colaboradores.
Como ser mais feliz no trabalho?
Hoje em dia, fala-se muito sobre propósito. Isso realmente é verdade! O nosso propósito está diretamente relacionado a felicidade no trabalho. Se a gente faz algo que não tem sentido, que não vai ajudar e nem contribuir para algo maior do que nós mesmos, isso traz desmotivação. Trabalhar simplesmente para pagar as contas no final do mês não nos deixa felizes. Precisamos de mais. Precisamos de engajamento, emoções positivas, realizações, saúde, relacionamentos positivos e, é claro, do propósito. Ou seja, um sentido para nosso trabalho. Trabalhar pelo nosso propósito faz total diferença na nossa perspectiva de vida, na influência das nossas emoções e consequentemente nos nossos resultados.
Se você ainda não conseguiu identificar o seu propósito, tenho um direcionamento inicial para te falar:
O propósito maior de toda a humanidade é evoluir. Comece a focar na sua evolução pessoal como ser humano, que você terá mais clareza sobre a sua missão e o seu propósito de vida.
Outro fator muito importante é a identificação do nosso perfil comportamental com a nossa atividade profissional. O autoconhecimento é primordial para a felicidade no trabalho. Quando nos conhecemos, sabemos das nossas competências, sabemos o motivo das nossas reações em cada situação, sabemos o nosso jeito de funcionar, tudo fica mais simples. Utilizar nossas habilidades ao nosso favor é sinônimo de inteligência! Fazer as adaptações necessárias, não só no nosso comportamento, mas também no nosso ambiente é importantíssimo.
Eu gosto sempre de frisar que, mesmo que a gente trabalhe com o nosso propósito de acordo com nosso perfil, existem muitos momentos e tarefas chatas que temos obrigação de fazer. E sim, ainda teremos problemas e dores de cabeça. Nosso trabalho nunca será mil maravilhas, mas com certeza será mais fácil, mais leve e mais feliz.
O que podemos fazer para trabalharmos mais felizes?
São inúmeras as estratégias que podemos fazer para trabalharmos mais felizes. Vou citar seis:
- Colocar a foto de uma pessoa amada num porta-retrato na sua mesa ou no descanso de tela do computador: Isso te trará uma sensação boa quando olhar para a foto.
- Coloque o alarme do celular para tocar na hora que você começa o expediente com sua música favorita e com o seu sonho na descrição do alarme: Isso te lembrará que você tem um objetivo maior para alcançar e que o seu trabalho te ajudará a realizar esse sonho.
- Faça pausas e tome um café com seus colegas de trabalho: Isso vai aliviar a pressão e te dará a sensação de pertencimento para cultivar seus bons relacionamentos.
- Beba bastante água: Isso trará diversos benefícios para sua saúde física e mental. Aumentará sua energia.
- Faça uma gentileza para um colega de trabalho: Ser colaborativo e ajudar o próximo, traz uma enorme sensação de bem-estar, sem contar que vc ganha ponto com seus pares e com seus superiores.
- Anote três coisas que você é grato naquele dia de trabalho: Isso ajudará a mudar o seu foco das coisas ruins para as coisas boas.
Agora vou trazer algumas atividades que a empresa pode fazer para aumentar o grau de felicidade dos seus colaboradores:
Primeiramente, é interessante que você faça uma pesquisa de clima, aplique a escala EST (Satisfação no trabalho) e a escala UTRECHT (Engajamento no trabalho), antes de implementar os exercícios, para que você tenha uma métrica de comparação entre o antes e depois.
Então vamos lá! Pegue seu caderninho e uma caneta para anotar as atividades!
EXERCÍCIO I: Leitura compartilhada.
Número de participantes: 2 a 6.
Material: 1 livro escolhido pelos participantes, de preferência que tenha relação com o contexto que a empresa está passando no momento.
Tempo: 40 minutos semanais.
Dinâmica: A empresa irá comprar o livro escolhido e dar de presente aos participantes. Todos deverão ler, em sequência, um capítulo por semana. Deverão decidir o melhor dia e horário para todos se reunirem durante 40 minutos na empresa. Deverá ser feito um sorteio no início do encontro para definir quem começará a falar. A pessoa sorteada deverá fazer um breve resumo do capítulo lido na semana, dar a sua opinião pessoal e abrir o debate para discussão entre todos. No final do debate, todos deverão entrar em acordo sobre uma atividade prática e simples que farão durante a semana na empresa, relacionado ao capítulo lido. Isso trará mais engajamento e melhoria na comunicação e nas relações interpessoais.
EXERCÍCIO II: Prática de Mindfulness.
Número de participantes: 2 a 20.
Material: Áudio de meditação guiada. Existem inúmeros áudios de Mindfulness gratuitos na internet. Caso queira, também podemos disponibilizar um texto para ser lido com um fundo musical relaxante.
Tempo: Mínimo 5 minutos e máximo de 30 minutos.
Dinâmica: Todos os participantes deverão se sentar numa posição confortável com o tronco ereto. A música deverá ser iniciada e os participantes deverão fechar os olhos e começar a respirar de forma profunda e vagarosa acompanhando as instruções do áudio.
O Mindfulness é um tipo de meditação com atenção plena no momento presente sobre os acontecimentos e percepções sem juízo de valor. Os níveis de atenção plena se aprofundam de acordo com a experiência, passando da atenção nos sons ao redor até a interação com as suas emoções e sentimentos. Essa técnica é indicada para ser realizada preferencialmente da parte da manhã.
A comprovação do resultado no mundo empresarial foi publicada em 2008 pelo Institut Européen d’Administration des Affaires (INSEAD) onde executivos passaram por essa intervenção e tiveram um aumento na compaixão e na responsabilidade social corporativa em comparação aos líderes que não participaram.
EXERCÍCIO III: Musicoterapia Organizacional.
Número de participantes: 2 a 10.
Material: Aparelho de som.
Tempo: 45 minutos.
Dinâmica: Os participantes deverão cantar juntos algumas músicas pré-selecionas que elevam o humor. (veja as músicas indicadas na pesquisa abaixo).
A musicoterapia Organizacional colabora com o aumento do bem-estar e da qualidade de vida no trabalho. De acordo com Boehs e Silva (2017), a Musicoterapia facilita a comunicação, aprendizagem e relacionamento entre os indivíduos. Os autores descrevem uma pesquisa realizada numa empresa multinacional em Curitiba-PR no ramo siderúrgico onde foi implementada em 4 (quatro) sessões de 45 (quarenta e cinco) minutos cada.
Segundo Boehs e Silva (2017), os participantes responderam duas questões, uma inicial: atualmente, como você se sente em relação aos aspectos como bem-estar e qualidade de vida no trabalho?
E uma final, depois de participar dos encontros de musicoterapia: Quais considerações você teria a fazer em relação ao bem-estar e qualidade de vida no trabalho? As músicas destacadas na intervenção foram: Do lado de cá (Chimarruts), Tempos Modernos (Lulu Santos), Canta canta minha gente (Martinho da Vila), O que é o que é (Gonzaginha), Além do horizonte (Roberto Carlos) e Amor pra recomeçar (Frejat).
Como resultado, houve uma diminuição do estresse, o aumento de uma comunicação assertiva e maior interação entre os colaboradores gerando um ambiente mais agradável e produtivo.
EXERCÍCIO IIII: PEG – Positive Experience Game
Número de participantes: 2 a 6.
Material: Jogo PEG (Físico ou virtual)
Tempo: 60 minutos.
Dinâmica: O jogo PEG é um jogo de tabuleiro baseado na Psicologia Positiva que trabalha com as 6 virtudes e as 24 forças de caráter. Existem inúmeras formas de jogar de acordo com o objetivo empresarial ou do grupo específico. Como por exemplo: Melhorar a comunicação, os relacionamentos interpessoais, fazer uma escolha de profissionais para um determinado projeto, desenvolver um feedforward, etc. São cartas que possuem imagens para serem discutidas e tarefas para serem realizadas. Identificar a intensidade e desenvolver cada força, consiste em ter uma visão ampla sobre si e sobre o futuro do seu trabalho.
Em conclusão, essas e outras várias intervenções nas organizações, como a experiência da jornada do colaborador, não são uma busca incessante e exaustiva para chegar no ponto final da felicidade plena, mas é o processo de evolução contínua de descobertas e autoconhecimento onde se adquire bem-estar e qualidade de vida, melhorando as relações interpessoais.
Da mesma forma, todos esses exercícios podem ser realizados online ou presencial.
Caso você seja um empresário ou um líder, faça pelo menos um desses exercícios e me conte o resultado depois.
Se você é funcionário, encaminhe esse texto para seu líder, para que ele possa implementar alguma dessas atividades e elevar o seu grau de felicidade no trabalho!
E você, qual exercício você acha que vai impactar mais no seu trabalho?
Obrigada pela sua atenção e companhia!