Você já se perguntou por que algumas empresas tomam decisões ruins que afetam sua reputação, seus resultados e até sua continuidade no mercado, mesmo tendo uma estrutura aparentemente sólida?
Bom…em muitos casos, a resposta está na ausência, ou na fragilidade, da governança corporativa.
Explicando de forma simples e direta, a governança é o sistema que define como uma empresa é dirigida, monitorada e incentivada. Ou seja, é ela quem organiza as regras do jogo: quem decide o quê, com base em quais princípios, para alcançar quais resultados.
Além disso, mais do que reuniões de conselho ou documentos burocráticos, a governança garante que as decisões sejam éticas, transparentes, responsáveis e sustentáveis. E mais: ela ajuda a construir e manter a confiança entre sócios, líderes, colaboradores, investidores e a sociedade.
Em um mundo onde crises se tornam mais frequentes e a reputação pode ruir em poucos minutos, adotar uma estrutura de governança deixou de ser um diferencial. Hoje, é uma questão de sobrevivência.
O que a governança corporativa envolve, na prática?
Antes de mais nada, é importante entender que governança não é um único processo, mas sim um conjunto de mecanismos, estruturas e princípios que orientam a forma como a empresa é conduzida.
Na prática, isso envolve:
- A atuação dos sócios e conselhos (quando existentes)
- A clareza sobre papéis e responsabilidades
- A transparência nas informações e decisões
- A prestação de contas (accountability)
- O alinhamento entre cultura, estratégia e execução
Além disso, a governança corporativa é sustentada por cinco princípios fundamentais, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC):
- Transparência
- Equidade
- Prestação de contas
- Responsabilidade corporativa
- Sustentabilidade
Esses princípios, portanto, não são apenas ideais abstratos. Pelo contrário, funcionam como filtros de qualidade para todas as decisões estratégicas da empresa.
Governança começa antes do conselho: ela nasce na cultura
Muitas vezes, ao falar de governança, o primeiro pensamento é em conselhos e estruturas formais. No entanto, ela começa muito antes disso: começa na cultura da organização.
Ou seja, governança não se limita a organogramas e reuniões. Ela nasce de valores e comportamentos que moldam como a empresa lida com dilemas éticos, conflitos de interesse, riscos e oportunidades.
Por exemplo: empresas que valorizam a confiança, a escuta ativa e a responsabilidade coletiva tendem a desenvolver modelos de governança mais eficazes — mesmo nos estágios iniciais.
Por outro lado, mesmo com estruturas sofisticadas, empresas sem uma base cultural sólida dificilmente alcançam os resultados desejados. Isso porque, sem coerência entre discurso e prática, os sistemas viram apenas formalidade.
Conselhos não existem apenas para controlar
Além da cultura, um dos pilares centrais da governança é o conselho — seja ele consultivo ou administrativo.
Contudo, é importante destacar que conselhos bem estruturados não servem apenas para fiscalizar ou aprovar resultados. Na verdade, eles são instâncias de inteligência estratégica, capazes de gerar valor real para o negócio.
Dependendo do nível de maturidade da empresa, os conselhos podem se posicionar de diferentes formas:
- Conselho Elementar: atua apenas para cumprir exigências legais
- Conselho Desenvolvido: incorpora diversidade e competências estratégicas
- Conselho Avançado: apoia e desafia a liderança executiva
- Conselho Estratégico: antecipa riscos, impulsiona a inovação e fortalece valores organizacionais
Em todos os casos, o diferencial está na qualidade das discussões. Um bom conselho não responde às perguntas certas — ele faz as perguntas certas. E, com isso, contribui para decisões mais conscientes e menos reativas.
Governança não é só para grandes empresas
Frequentemente, há uma percepção equivocada de que governança corporativa é um tema restrito a empresas de capital aberto, com estruturas robustas e acionistas diversos. No entanto, isso não corresponde à realidade.
Empresas limitadas, familiares, startups e até organizações do terceiro setor também podem, e devem, adotar práticas de governança, ajustadas à sua realidade.
Nesse sentido, o conselho consultivo aparece como uma excelente porta de entrada. Mesmo sem poder deliberativo, ele oferece visão externa, orientação estratégica e apoio à liderança — tudo isso com baixo custo e alto impacto.
Portanto, não é preciso esperar a empresa crescer para começar. É justamente a governança que ajuda a empresa a crescer com solidez.
Oportunidade para quem quer atuar com governança
Se por um lado muitas empresas ainda não adotaram boas práticas de governança, por outro, isso abre espaço para profissionais que desejam se especializar na área.
Hoje, o Brasil conta com mais de 21 milhões de empresas ativas, mas apenas uma minoria tem estrutura de governança formalizada. Ou seja, há uma lacuna enorme a ser preenchida por conselheiros, consultores e especialistas preparados.
Contudo, vale o alerta: atuar com governança exige mais do que conhecimento técnico. É preciso repertório, ética, escuta ativa e visão sistêmica. Em outras palavras, é uma jornada de aprendizado constante, e de impacto direto nos negócios.
No fim das contas, é sobre decidir melhor
Mais do que qualquer estrutura formal, a governança existe para apoiar boas decisões. É ela quem ajuda a empresa a equilibrar riscos e oportunidades, alinhar interesses e tomar decisões mais maduras, éticas e sustentáveis. Em resumo, é a governança que protege o negócio da miopia do curto prazo e fortalece sua capacidade de evoluir com consistência.
Por isso, se você ainda não começou, comece pequeno, mas comece com consciência.
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Autor: Márcia Bastos