Equidade Racial nas Empresas

Apesar de a palavra levar em consideração as características particulares de um indivíduo ou grupo. O princípio da equidade prevê que o tratamento dado à determinada pessoa ou grupo deve levar em consideração as suas necessidades específicas. Dentro da questão racial, temos que a equidade racial preza pelo reconhecimento das características próprias dos diferentes grupos étnico-raciais, de forma a garantir que todas as pessoas tenham condições e oportunidades justas para se desenvolverem, independentemente de sua raça. 

A questão racial ganhou espaço no contexto político através da Constituição Federal de 1988, que tem como um dos objetivos fundamentais promover o bem de todos, sem preconceitos de quaisquer formas de discriminação e também determina o crime de racismo como imprescritível e inafiançável garantindo a proteção os direitos das comunidades remanescentes de quilombos à propriedade de suas terras. 

No ano de 2003, foi criado o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar e oficialmente no âmbito nacional em 2011 através da lei no 12.519, no ano seguinte foi sancionada a Lei de Cotas para Ensino Superior. Contudo, discriminação racial segue presente sociedade brasileira. 

Os desafios da equidade racial

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 54,9% da população brasileira é autodeclarada negra e parda. Já nas empresas de acordo com uma pesquisa publicada em 2016 pelo Instituto Ethos, demonstrou que os negros ocupam apenas 6,3% dos cargos de gerência e 4,7% do quadro executivo das 500 maiores empresas do Brasil.

Existem vários motivos que justificam essa realidade no mercado de trabalho, que vão desde um processo histórico escravocrata até a falta de iniciativas e políticas públicas de inclusão racial. Alguns dados são:

– O rendimento médio dos trabalhadores brancos é R$ 2.774,00 e dos trabalhadores negros é de R$ 1.641,00, uma diferença média de 59,2%, aponta a pesquisa da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra do ministério da saúde.

– Entre os 10% da população com maiores rendimento 27,7% são negros e entre os 10% da população com menores rendimentos 75,2% são negros, conforme pesquisa do IBGE.

O índice de analfabetismo entre pessoas negras de até 15 anos é de 8,9% e entre pessoas brancas o número é de 3,6%. No ensino médio o estudo aponta que 55,4% entre negros não concluí os estudos e entre brancos a taxa é 43,4%, dados da pesquisa do IBGE.
 

Apesar dos avanços e de um maior enfrentamento das questões raciais após a Constituição de 1988, os efeitos de um longo processo histórico desigual ainda são visíveis no país. Os índices e dados demonstram que a equidade racial tem um desafio grande para que as ações impactem na sociedade.

Equidade Racial dentro das organizações  

A discriminação racial pode acontecer de forma silenciosa, por um tratamento ou avaliação diferenciada tendo como fator motivador a raça. São diversas fontes que estruturam o racismo dentre elas: preconceitos cognitivos, visões de mundo e ideológicas, contexto histórico, leis estabelecidas, práticas institucionais e normas culturais, porém muitos compreendem a discriminação racial apenas por meio de ações deliberadas motivadas por ódio. 

Para gerar equidade racial dentro das empresas é preciso entender primeiramente a cultura organizacional, ela deve possuir valores antirracistas e essa ação deve ser fomentada principalmente pela alta gestão como CEO e Executivos.  Para construir uma empresa diversa é preciso incluir todas as pessoas da organização, a promoção dessa transformação não tem a ver com modificação das pessoas, como aparência, mas sim com a forma de pensar e agir diante da adversidade.  

A promoção da diversidade dentro das organizações além de enriquecer a cultura é um grande aliado a produtividade e tem grande impacto no lucro, isso se deve pelo desenvolvimento de ideias e inovação que surgem através de óticas e vivências distintas.

Uma pesquisa realizada pelo Boston Consulting Group (BCG) analisou 1700 empresas diferentes em 8 países, com diversos segmentos de negócios e tamanhos, os dados revelaram que o aumento da diversidade nas empresas tem impactado diretamente nos resultados. As empresas que têm equipes de gerenciamento diversificadas garantem receita 19% maior, principalmente devido à inovação. 

A promoção da equidade racial

A Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial surgiu, então, para incentivar as empresas a criarem metas concretas para a redução da desigualdade racial. A entidade lançou o Índice ESG de Equidade Racial. 

“A iniciativa propõe a criação de um índice ESG racial para as empresas. O ESG ainda é muito focado no meio ambiente. Mas a gente entende que seria importante incluir a questão racial.”

O projeto é dividido em três partes:

  1. A equidade nas empresas: 56% da população brasileira é negra, mas isso é a média. Em Salvador, são 80%. No sul do país, 25%. – “A gente entendeu que o índice precisava medir se as empresas estão próximas da equidade na região em que atuam. E isso será ponderado por nível de cargo e salário.”; 
  2. As ações afirmativas: se há políticas de contratação e treinamento;
  3. Mensuração do investimento social privado em equidade racial: esse investimento é destinado para formação de jovens em periferias, isso cria um protocolo que permite medir anualmente a equidade.


A empresa que aderir ao nível três terá dois anos para divulgar seus resultados. 

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